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Os cavaleiros da praga divina

Os cavaleiros da praga divina

Sinopse

Segundo Palma Donato, o romance foi escrito no período de sua internação compulsória em um asilo do DPL. A narrativa trata das aventuras e, principalmente, das desventuras de um bando de gateiros (assim se apelidavam os mendigos leprosos). Vivem errantes, cavalgando por estreitas trilhas de vila em vila, montando e desmontando acampamentos para não serem caçados e internados em asilo pela polícia sanitária. O bando de cavaleiros forma um núcleo quase familiar pela solidariedade que os une em sua peregrinação, como um êxodo sem Jeová. Aliás, uma personagem, a certa altura sem ter para onde fugir, desabafa: "Deus não me quer e o diabo me despreza". Apegam-se, por isso, ao pouco que lhes resta: Romão, a um trabuco e a um violino no qual sobrou apenas uma corda; Lucas, ao seu cavalo Pretinho; Plutão, ao seu inseparável bilboquê, que joga com uma perícia impressionante, até mesmo no escuro; Quincas, ao seu surrado almanaque, sua fonte de anedotas, com que entretém seus companheiros de infortúnio; todos eles, à cachaça, que os aquece ("E com um frio destes quem aguenta ficar sem beber?") e que os faz perder, pouco a pouco, as esperanças. "Aquela mesma noite os quatro passaram a viver juntos, em família. Misturaram suas pomadas, seus rolos de gaze e os pacotes de algodão na mesma mochila. Puseram as cápsulas de óleo no mesmo bornal. Nenhum era dono de nada e tudo pertencia aos quatro. Uma organização perfeita. Reuniram suas economias na mesma sacola. A esta altura já não restava cachaça nas garrafas. O bando estava formado." A surpresa deixada por Marcos Rey está agora revelada neste romance: o mal maior para o hanseniano, pior do que o sofrido na própria pele, é o do isolamento familiar, do apedrejamento social. Esse terrível segredo, que teria o poder de separar irremediavelmente dois seres, desenvolveu outro poder, o de ensinar os dois a se cuidarem com o amor mais cúmplice que se possa imaginar. Uma cumplicidade que recusou piedade da hipocrisia social.

Autor

Autor de uma vasta produção de obras literárias e audiovisuais, assumiu o ofício de escrever o tempo todo, e viveu de seus textos e criações. Destacou-se pela qualidade de seus contos e romances – literatura de realismo urbano – captando e recriando a atmosfera da grande cidade e de seus personagens; e a aristocracia, a classe média e a vida noturna. Marcos Rey escrevia como se estivesse filmando o cotidiano e a realidade da metrópole paulistana.Nasceu em São Paulo em 1925, e desde a infância era um inveterado leitor. Publicou seu primeiro conto aos 16 anos no jornal Folha da Manhã, já usando o nome "Marcos Rey" (Edmundo Donato era seu nome verdadeiro). Seu primeiro romance publicado foi Um Gato no Triângulo , em 1953. Habilidoso e versátil, Rey passou pelos anos 50, 60, 70, 80 e 90 como cronista, contista, roteirista de rádio, televisão e cinema, em programas de humor, rádio-almanaques, novelas e minisséries, e também foi redator publicitário. É autor de uma deliciosa coleção de romances de aventura e mistério para jovens leitores, livros escritos anualmente a partir da década de 1980, como O mistério do 5 Estrelas, O Diabo no Porta-malas e Sozinha no Mundo, entre outros grandes sucessos de público.