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A cicatriz que canta o incêndio da raiz

A cicatriz que canta o incêndio da raiz

Sinopse

"pois dentro de mim cabem muitas máquinas líricas de feridas veladas" Na poesia, geralmente, as coisas acontecem a contrapelo, com o poeta forjando palavras-senhas para destravar os caminhos da BR dos sonhos. O novo trabalho de Bruno Gaudêncio, "a cicatriz que canta o incêndio da raiz", não faz diferente. O livro traz 33 poemas e constrói uma atmosfera que perpassa os temas da morte, do exílio, das cicatrizes subjetivas e da memória que queima fundo da alma. Um trânsito imaterial que se desenvolve no diálogo sinuoso entre o encarar as ausências e o mergulhar no silêncio da paisagem interior, como em autoexílio. O novo livro de Bruno Gaudêncio evidencia a sequência bem-sucedida de um trabalho, que, desde as publicações anteriores, buscava uma assinatura singular. As cicatrizes e os incêndios das suas raízes apontam para uma poesia de síntese que exige do leitor uma atenção na leitura, um cuidado na decifração das imagens. Trabalho poético de quem vem aprendendo a lidar com a densidade da linguagem e que podemos perceber nos poemas: esôfago, cacos, cicatrizes, gênese, gramatura do som, tempo de fraturas e tertúlia nos ossos, que ocupa todo o segundo capítulo do livro. Na poesia do Bruno Gaudêncio, a palavra que acende a memória, a palavra que vira artifício de cicatrização, ganha dimensão poética como remédio. Vira uma máquina lírica que revolve vísceras no silêncio azul do céu e descansa dentro do peito da imaginação. O poeta cria um movimento de fuga para poder lamber e sarar as feridas, abrigado nos lençóis fibrosos da referência paterna. São tantos os instrumentos que criamos para sobreviver. Também são tantas as armadilhas que nos capturam. Resta-nos dar o golpe no medo e encarar a morte, como faz Bruno Gaudêncio em seu livro. Com um misto de dor e ternura, a sua poesia estende uma campina de fé que supera o rosário, amplia a devoção na fibra muscular da linguagem – o espaço de todo possível e da crença no infinito, onde a morte não é terror, nem o fim. Demetrios Galvão, poeta e editor.