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Vestígios

Vestígios

Sinopse

1º lugar no Prêmio Jabuti de Poesia de 2006.

Os temas de Affonso são os temas de um homem culto, viajado, que olha o mundo e as coisas com a curiosidade do menino que foi um dia, e cujos traços busca reencontrar em alguns poemas de Vestígios. Sua poesia é plural, multifacetada: pode ser alma de protesto contra as injustiças do mundo, máquina verbal carregada de sátira e ironia, o escafandro com o qual desce às profundezas da memória pessoal e interroga as vicissitudes da vida, os prazeres do amor e da carne, a dissolução do tempo e a incontornável morte, ou ainda instrumento de precisão para aferir a arte e a beleza.

Nos 147 poemas deste volume, o autor refina temas já abordados anteriormente, amplia a inquirição sobre a natureza da história e do homem, e se mostra inquieto com a passagem do tempo e a finitude da vida. A política, mais uma vez, comparece: o poeta aborda o 11 de Setembro, a invasão do Iraque, a ação dos homens-bomba, deixando entrever o desejo de um diálogo maduro entre o Ocidente e o Oriente, a necessidade da tolerância e da solidariedade entre os povos.

O leitor notará também que alguns dos assuntos tratados por Affonso em suas crônicas, especialmente a longa série onde procura esmiuçar os impasses da arte contemporânea, reaparecem aqui. A opção do poeta pela grande arte é visível nas referências a Jan van Eyck, Caravaggio, Brueghel, Granach, Piranesi, Chagall e outros. Em "National Gallery, London", por exemplo, deixa claro a sua impaciência com o efêmero estético tão comum hoje: "Estou diante da Batalha de São Romano, de Paolo Ucello./ E exijo respeito.// Não me venham falar/ de Marcel Duchamp".

Vestígios atesta e reafirma a força de uma voz poética de largo estro na história da literatura brasileira e repõe uma questão decisiva: já não terá chegado a hora de a crítica universitária reconhecer, como tema e como fatura, a singularidade da poesia que Affonso Romano de Sant'Anna vem produzindo, indiferente à cara feia das patrulhas?

— José Mario Pereira